situs togel resmi

Caldas da Rainha

Terceira Edição do Concurso de Curtas Invasaqua

No contexto de um território que previsivelmente virá a fazer parte dos Geoparques Mundiais da UNESCO (Aspiring Geoparque Oeste) e que integra um Sítio RAMSAR (Convenção sobre as Zonas Húmidas), pretende-se levar os participantes a refletir sobre o seu papel na valorização e preservação de locais de importância geológica e ecológica internacional. Pretende-se, também, reforçar e reconhecer o papel das Estratégias Nacionais de Educação Ambiental, de Conservação da Natureza, da Biodiversidade e da Geodiversidade, da Educação para a Cidadania, das Florestas ou, ainda, do Mar, discutindo novos instrumentos políticos e iniciativas que promovam a proteção, a sensibilização, o restauro e a regeneração do potencial ecológico e geológico dos territórios.

Caldas da Rainha é uma cidade portuguesa do distrito de Leiria, situada na província da Estremadura, com aproximadamente 50 917 habitantes (2021), na Região Oeste. Apresenta uma área de 255,69 Km2 e 12 freguesias cujas áreas limítrofes confinam com o Oceano Atlântico e com os Municípios de Óbidos, Alcobaça, Rio Maior, Cadaval e Bombarral. A cidade está localizada a cerca de 94 km a norte de Lisboa e a cerca de 130 km a sudoeste de Coimbra.

A história da cidade está profundamente ligada aos seus recursos hidrotermais: é uma terra de águas com propriedades medicinais que motivaram a edificação do mais antigo hospital termal do mundo, pela Rainha D. Leonor, em 1485. Caldas da Rainha surge, assim, em torno de “águas cálidas que saíam da fonte fumegando”, adquire estatuto de vila em 1511, de sede de concelho em 1821 e é, finalmente, elevada a cidade em 1927, mantendo até hoje o brasão de armas de D. Leonor.


Património Natural

Além das águas termais no subsolo e das águas salgadas do Oceano Atlântico que com ele confina, o concelho das Caldas da Rainha é igualmente rico em água doce e salobra, riqueza essa expressa em duas áreas naturais de elevado valor: a Lagoa de Óbidos e o Paul de Tornada.

A Lagoa de Óbidos é o sistema lagunar costeiro mais extenso de Portugal, com cerca de 1040 hectares. Alimentada sobretudo pelas bacias hidrográficas dos rios Arnóia e Real, a Lagoa ter-se-á estabelecido há cerca de 5.000 anos e as suas férteis margens e planícies de aluvião terão sido atrativas à fixação de diversos povos ao longo do tempo, como os romanos que aí estabeleceram a cidade de Eburobrittium no final do século I a.C. Como qualquer lagoa costeira que beneficie de comunicação com o mar, este ecossistema é extremamente dinâmico e rico em biodiversidade, estimando-se que albergue mais de 200 espécies de animais vertebrados e 300 espécies de plantas. Salienta-se a enorme diversidade de peixes e de moluscos; a presença de ouriço-do-mar-comum (Paracentrotus lividus), vinagreira-negra (Aplysia fasciata) e cavalos-marinhos (Hippocampus hippocampus); aves como o flamingo (Phoenicopterus roseus), o maçarico-real (Numenius arquata), o maçarico-galego (Numenius phaeopus) e o maçarico-dasrochas (Actitis hypoleucos); várias espécies de plantas características das dunas em Portugal, como o goivinho-da-praia (Malcolmia littorea), o cardo-marítimo (Eryngium maritimum) e couve-marinha (Calystegia soldanella) ou funcho-marítimo (Crithmum maritimum).

As pradarias de ervas marinhas existentes na Lagoa representam um valioso património natural para a remoção de carbono atmosférico, o que contribuiu para a classificação da Lagoa de Óbidos como um dos dez mais importantes “ecossistemas de carbono azul” em Portugal. A Lagoa de Óbidos é igualmente importante em termos económicos, sobretudo devido a atividades como o Turismo e a apanha de bivalves.

A Reserva Natural Local do Paul de Tornada cobre uma área de 53,65 ha, dos quais cerca de 25 ha estão permanentemente alagados. Esta característica permite incluí-lo na designação “Zona Húmida”, de acordo com a Convenção de Ramsar (Convenção Sobre Zonas Húmidas de Importância Internacional), estando dividida pela Vala do Meio e limitada por duas valas de drenagem: a do Guarda-Mato e a da Palhagueira. Este sistema de valas, com sentido de escoamento sul-norte, conflui no rio Tornada que, por sua vez, desagua em Salir do Porto.

Conhecido no tempo da Rainha D. Leonor como Cornaga ou Paul da Boa Vista do Extremo, o Paul de Tornada pode ser interpretado do ponto de vista geológico e geomorfológico, como sendo resultado de transgressões marinhas, de um passado em que o mar penetrava profundamente através do vale tifónico das Caldas da Rainha, quando o rio Tornada era, ainda, navegável.

O Paul da Tornada é detentor de uma elevada biodiversidade, quer ao nível da vegetação típica das zonas húmidas, quer da avifauna que utiliza este pedaço de natureza para passar o inverno e nidificar. Neste espaço natural invernam aves como a águia-pesqueira (Pandion haliaetus), pato-trombeteiro (Spatula clypeata), corvo-marinho-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo) e marrequinha-comum (Anas crecca); e nidificam o garçote (Ixobrychus minutus), a garça-vermelha (Ardea purpurea), o caimão (Porphyrio porphyrio) e o galeirão (Fulica atra). Além de berçário de aves, o Paul (e o rio Tornada) é igualmente importante para várias espécies de peixes dulciaquícolas, como o ruivaco (Achondrostoma oligolepis), espécie endémica de Portugal que apresenta um estatuto de conservação global “vulnerável” e nacional “pouco preocupante”. Mamíferos, como a lontra (Lutra lutra), símbolo da Reserva Natural Local do Paul de Tornada, e um cortejo de anfíbios, libélulas e libelinhas podem ser vistos nesta área, que, pelas suas características e localização, é um local privilegiado para a Educação Ambiental, especialmente sobre a importância das zonas húmidas.

Relativamente à flora, pode observar-se o lírio-amarelo-dos-pântanos (Iris pseudacorus), tabua (Typha spp.), bunho (Schoenoplectus lacustris) e salgueiro-negro (Salix atrocinerea), sendo o paul uma zona importante para a conservação dos caniçais e das aves que neles habitam, como o rouxinol-pequeno-doscaniços (Acrocephalus scirpaceus), o rouxinol-grande-dos-caniços (A. arundinaceus) e a cigarrinha-ruiva ou felosa-unicolor (Locustella luscinioides).

No sentido de dar a conhecer, sensibilizar as populações para a proteção e conservação da natureza, promover a educação ambiental e divulgar os valores naturais da Reserva Natural Local do Paul de Tornada foi criado o Centro Ecológico Educativo do Paul de Tornada - Professor João Evangelista (CEEPT), inaugurado a 20 de maio de 2000. O Centro é gerido por duas organizações não-governamentais de ambiente, o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente e a Associação de Defesa do Paul de Tornada – PATO, com o apoio da Câmara Municipal das Caldas da Rainha.

No que respeita à Geodiversidade, a riqueza e diversidade geológica da Região Oeste resultam da presença de rochas com idades compreendidas entre o final do Triássico (há cerca de 230 milhões de anos) e o período Quaternário, com destaque para a presença de rochas do Jurássico (com 145 a 200 milhões de anos) muito ricas em fósseis.

A inventariação de mais de 70 geossítios pelo Aspiring Geoparque Oeste ilustra o carácter único deste território, a nível internacional; permite a exploração de temáticas tão diversas como a Paleontologia, a Dinâmica Costeira, a Geomorfologia, a Tectónica Salina, o Registo Geológico, os Recursos Hidrológicos e Geológicos, e a atribuição de um “Prego Dourado” marcando o GSSP (Global Boundary Stratotype Section and Point), local mundialmente reconhecido para base do andar Toarciano (Jurássico Inferior). Do Aspiring Geoparque Oeste fazem igualmente parte dois museus associados às Geociências (Dino Parque da Lourinhã e Museu da Lourinhã), um Hospital Termal (Caldas da Rainha) e a maior lagoa de água salgada de Portugal (Lagoa de Óbidos).

Foi com base na sua geodiversidade e património geológico, de relevante interesse e importância geológica nacional e internacional, e do seu potencial científico, que a Região Oeste viu o seu território ser alvo, em setembro de 2023, de uma candidatura à Rede Mundial de Geoparques da UNESCO. O Aspiring Geoparque Oeste abrangerá, numa primeira fase, uma área de 1154 km2, englobando seis municípios: Bombarral, Cadaval, Caldas da Rainha, Lourinhã, Peniche e Torres Vedras.


No município das Caldas da Rainha estão classificados cinco locais de interesse geológico: Penedo Furado(1), Foz do Arelho(2), Hospital Termal das Caldas da Rainha(3), Capela de Santa Ana(4) e Salir do Porto(5).

(1) O Penedo Furado (39°25'38.33"N 9°12'43.46"W) é um arco escavado pelo mar, a 1km da costa. A sua forma peculiar, com um arco suspenso, faz lembrar os penhascos existentes à beira-mar, resultantes da potente ação erosiva das ondas há alguns milhares de anos, quando a Lagoa de Óbidos estava mais aberta ao mar, menos assoreada e, julga-se, quando o nível do mar estava um pouco mais elevado do que hoje. O Penedo Furado está localizado junto à Lagoa de Óbidos e, culturalmente, é um dos cartões de visita da Foz do Arelho, sendo muito acarinhado pela população local, pois era um sítio procurado como fundo de muitas fotografias.

(2) Foz do Arelho (39°25'48.53"N 9°13'33.68"W) é o local onde se encontra a Lagoa de Óbidos, uma laguna que é um enorme espelho de água com quase 7 km2 , separada do oceano Atlântico por um canal ladeado por barreiras arenosas, localmente conhecido por “Aberta”. A localização deste canal serpenteia, instável, devido à dinâmica das ondas, das correntes do transporte de sedimentos junto à costa, podendo por vezes fechar e interromper a circulação de água entre a Lagoa e o mar. Este é um fenómeno natural, mas a sua recorrência e consequências obriga, há mais de seis séculos, à intervenção humana para restabelecimento da comunicação com o mar. Há cerca de 20.000 anos, na última glaciação, a lagoa não existia como a conhecemos, estando o nível do mar 100 metros abaixo do atual. Antigamente, a lagoa era maior e estendia-se para além da localidade de Sobral da Lagoa, chegando à base das muralhas do Castelo de Óbidos. Hoje, seguindo o percurso natural das lagoas costeiras, a Lagoa de Óbidos continua a enfrentar problemas de assoreamento que, em poucos séculos, conduzirá à sua conversão numa área pantanosa. Culturalmente, a população vive muito em torno da lagoa e recorda com carinho a importância que a
mesma teve nas vidas dos seus ancestrais.


Património cultural

Um outro recurso natural foi intensamente aproveitado pela população: a argila. Recorrendo a esta rocha sedimentar detrítica como matéria prima, desenvolveu-se localmente uma indústria ligada à cerâmica, área na qual se destaca Rafael Bordalo Pinheiro e a Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, onde desenvolveu as suas criações de 1884 a 1907.

As artes, a cerâmica, a pintura e a escultura prosperaram no decorrer do séc. XX, e a cidade passou a destacar-se como um importante polo artístico, iluminado por pelo poder criativo e a paleta de cores de artistas como José Malhoa, António Duarte e João Fragoso.

www.mcr.pt/

jasa kirim mobil