Formação do projeto NEEDS em Doorn, Países Baixos

De 28 de junho a 1 de julho decorreu nos Países Baixos, na cidade de Doorn, a quarta formação do projeto NEEDS (Networking of European Education Initiatives Dedicated to Global Sustainability).

A convite da Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA) e da Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual (APECV) as professoras de Artes Visuais, Cláudia Ormonde da Escola Secundária do Castêlo da Maia e Margareth Lacerda do Agrupamento de Escolas de Vouzela e Campia, integraram a equipa portuguesa.

O projeto tem como principal objetivo aproximar instituições europeias afiliadas da Carta da Terra, promovendo a partilha de conhecimento e de metodologias inovadoras e bem-sucedidas no campo da Educação Ambiental para a Sustentabilidade (EAS), utilizadas pelos próprios parceiros, fortalecendo desta forma a relação entre as organizações parceiras.

Durante a implementação do projeto foram realizadas duas formações para educadores que abordaram três temas: “Carta da Terra: Educação sustentável desenvolvimento e aprendizagem global”; “A Carta da Terra enquanto alicerce ético para a implementação dos ODSs”; “A Carta da Terra na ação e comunicação”.

Na formação decorrida nos Países Baixos, foram inúmeras as experiências vividas em grupo, assumindo a forma de ateliers, aprendizagem de exercícios de relaxamento/ introspeção, debates/conferências, divulgação de projetos, partilha de informação variada, utilização de ferramentas digitais e encontros com diversas instituições e personalidades.

Foram dias de atividades muito intensas e sobretudo gratificantes, tendo sido postas em prática e partilhadas experiências únicas, entre pessoas envolvidas nas mais variadas atividades e projetos, no âmbito do ambiente e da sustentabilidade, conectados através da Carta da Terra. Tudo isto no meio da natureza, com o privilégio do contato com uma floresta majestosa.

Pelo fato de trabalharmos questões referentes ao planeta Terra, aguçou-nos a percepção do planeta como entidade própria, e pudemos constatar a importância da “Carta da Terra” como documento orientador de ação. Em modo de diário, passamos a partilhar algumas destas atividades/ experiências, que de alguma forma, esperamos, poderão dar um contributo na aplicação da Carta da Terra:

1º Dia: Chegada ao Hotel que está localizado numa propriedade de 47 ha no meio do Parque Nacional Utrechtse Heuvelrug. Este Hotel & Conference Centre Landgoed Zonheuvel atribui uma grande importância à sustentabilidade. O meio ambiente, as pessoas e os animais são levados em conta no funcionamento do mesmo.

O encontro teve início com a apresentação de todos os participantes, que após explicaram a origem do seu nome ou sobrenome, tomaram conhecimento do programa com as atividades previstas para os próximos dias.

Numa extensa área de jardins e floresta, o grupo fez uma caminhada, enquanto ia recebendo informações sobre a história deste espaço e sobre a área envolvente. O percurso entre as majestosas árvores levou-nos até ao jardim dos vegetais e ao anfiteatro ao ar livre feito com elementos naturais. Aqui, foi encontrada uma cápsula do tempo com cartas escritas há 50 anos atrás.

De volta ao espaço de partilha e trabalho, o grupo deu início à atividade "Circle of 17". Cada participante selecionou duas cartas com os valores que mais se destacaram numa perpetiva pessoal, e após uma breve reflexão, foram explicados individualmente os fundamentos dessa escolha.

2º Dia: Pela manhã fizemos um exercício de concentração e relaxamento ao ar livre orientado pela Veronique, para estimular os nossos sentidos e proporcionar um sentimento de pertença a um grupo.

De seguida, participamos numa sessão de relato de histórias de saberes indígenas em que visionamos o vídeo In Lak’ech, de Sherlien e refletimos sobre a nossa relação com o local que habitamos e da constatação da falta de uma ligação mais profunda com o que nos rodeia. Como por exemplo, os moradores não saberem o nome do rio que passa perto da sua casa ou o seu percurso.

À tarde Jan van de Venis partilhou com os participantes diversos métodos para protegermos a natureza de forma assertiva através do sistema jurídico. Miranda Willems realizou um exercício de introspecção sobre memórias das gerações passadas e visões de gerações futuras. A intenção do exercício é de conseguirmos visionar um futuro ideal para depois podermos refletir quais os passos necessários a dar para conseguirmos alcançá-lo.

Para a celebração do dia da Carta da Terra 2022 assistimos a uma palestra composta pelos intervenientes dos grupos Worldconnectors- EC Friends, NEEDS e Lab Future Generations. Nesta celebração todos os participantes puderam trocar experiências e dar a conhecer os seus projetos.

Como símbolo deste encontro, o artista Jan van der Bijl criou uma cadeira - Future Generations Seat - com elementos recolhidos da floresta em que os participantes puderam escrever uma mensagem com um desejo para as futuras gerações.As representantes de Portugal foram convidadas a apresentar ao público presente o trabalho desenvolvido no âmbito da Carta da Terra.Durante a comemoração do Earth Charter a cantora e compositora Ayla van Kessel apresentou algumas peças sonoras.

3º Dia: O dia começou com exercícios de relaxamento e concentração, realizados num espaço verde rodeado por árvores seculares, propostos pelo parceiro europeu da Roménia, Paul Culda. Assim, mais motivados para mais um dia de aprendizagem sobre novos conhecimentos e momentos de reflexão, o grupo deu início aos trabalhos. O grupo começou por fazer uma reflexão sobre as atividades realizadas no dia anterior e, de seguida, focou-se no método "Circles of 17", no qual todos podem desempenhar um papel na criação de um mundo melhor, acreditando que é possível atingir os objetivos da Carta da Terra e da Agenda 2030 da ONU com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esta apresentação esteve a cargo de Veronique Swinkels e Alide Roerink.

Na sessão da tarde, o grupo deu início às atividades com um convite para ativar os seus sentidos e prestar uma especial atenção a um elemento da natureza. Nesta atividade ao ar livre, os participantes criaram uma ligação com um elemento natural baseada na percepção sensorial. Com um cenário edílico, repleto de elementos naturais, a atividade proporcionou uma profunda ligação entre os intervenientes e a natureza. Todos foram convidados a refletir sobre a experiência que vivenciaram.

Seguidamente, Wim Oolbekkink convidou o grupo a escrever uma "Carta para o futuro": uma tarefa complexa, com um grau de responsabilidade enorme. Que mensagem quero deixar? Cada um dos participantes escreveu uma carta para as gerações futuras e, após uma longa caminhada até a um local recôndito da floresta, todas as cartas foram enterradas numa cápsula do tempo, com a esperança de que no futuro haja alguém que as leia e que sejam encontradas num mundo melhor. Foi uma experiência muito emotiva e simbólica para todos.

À noite, o jantar foi confecionado, no jardim dos vegetais, por todos os participantes do grupo, com a orientação de Wim e da sua esposa. Um momento de partilha de histórias e de convívio que criou mais laços entre todos.

4º Dia: O dia começou com exercícios de relaxamento e concentração, realizados no terraço da casa da floresta, propostos pela parceira europeia de Espanha, Marta Ventura. Seguidamente, Veronique Swinkels realizou um exercício de introspecção propondo que cada um se transfigurasse numa gota de água e que relatasse a sua experiência.

Logo de seguida, fomos para o interior assistir ao documentário “How Wolves Change Rivers” de George Monbiot, que proporcionou-nos um momento de reflexão e de troca de ideias/ experiências de vida, muito gratificante.

Quanto às parceiras de Portugal, nesta mesma sessão, a professora Cláudia Ormonde, deu a conhecer, através de um vídeo, o trabalho desenvolvido com os seus alunos no âmbito da Carta da Terra, tendo sido aplaudida por todos os presentes; foram disponibilizados no Padlet NEEDS training in the Netherlands, um Prezzi e um PowerPoint da proposta e do resultado final dos trabalhos realizados pelos alunos da professora Margareth Lacerda.

Para finalizar os trabalhos, foi pedido aos participantes que acedessem à app Deep Time Walk: Earth history para realizarem uma experiência áudio imersiva sobre história do nosso planeta. Assim, com essa aplicação, fizemos uma caminhada pela floresta, em que cada passo dado equivalia a 1 milhão de anos. Ao alcançarmos os 4,6 km teríamos concluído 4,6 biliões de anos, ou seja, a idade total da Terra. Depois desta experiência, fizemos algumas considerações sobre as possibilidades desta app para o nosso trabalho.

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