Educomunicação e Alterações Climáticas na Escola: educando para um planeta saudável

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Numa era em que a crise climática é cada vez mais evidente, é crucial educar as gerações futuras sobre como abordar esta questão global. A educomunicação surge como uma ferramenta poderosa, uma metodologia para esse fim, ajudando os alunos a compreender, analisar e agir com conhecimento sobre as mudanças climáticas. Não apenas para informar e ser destinatários, mas também para se tornarem produtores e emissores de comunicação.

Mas o que é educomunicação?
Segundo a definição da Universidade de São Paulo no Brasil, educomunicação é o conjunto de ações que visam planear, implementar e avaliar processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e participativos. Nesta perspectiva, as ferramentas de comunicação são, ao mesmo tempo, um processo e um produto. São um processo porque através deles os jovens começam a abrir-se ao autoconhecimento e à compreensão da realidade que os rodeia: pesquisam, entrevistam, fotografam e mapeiam. São produtos porque os resultados dessas atividades são textos, imagens e vídeos colaborativos que têm o potencial de envolver outros agentes sociais e ampliar a rede de indivíduos e entidades que trabalham pela cidade e pela comunidade. Este feedback dinâmico fortalece o pensamento crítico dos alunos sobre os meios de comunicação, as políticas activas que beneficiam o seu ambiente, a qualidade da educação escolar e, acima de tudo, a realização dos seus direitos.

A educomunicação, portanto, considera a inter-relação entre comunicação e educação como um campo de intervenção social. Os seus pressupostos fundamentais são dois:
• A educação só é possível como “ação comunicativa”, pois a comunicação é um fenómeno presente em todos os processos formativos do ser humano.
• Todas as formas de comunicação, produções simbólicas e trocas/transmissões de significados são inerentemente “atividades educativas”. A educomunicação é uma abordagem educacional que visa desenvolver as habilidades críticas necessárias para compreender, interpretar e participar conscientemente na cultura dos mídia. Neste contexto, centra-se na utilização dos meios de comunicação social como ferramenta para abordar e sensibilizar os jovens para as alterações climáticas.

E como é feita a educomunicação?
• Melhorar o coeficiente comunicativo das ações educativas.
• Ampliar a capacidade de expressão dos sujeitos sociais e dos mídia.
• Desenvolver o espírito crítico dos utilizadores dos meios de comunicação social.
• Promover a gestão democrática e a participação ativa.
• Utilizar recursos de informação e comunicação com base no seu potencial mediático (mediação tecnológica).
• Valorização do processo.

Os mídia desempenham um papel crucial na formação da nossa compreensão das mudanças climáticas. Da informação jornalística às representações em filmes e documentários, os meios de comunicação influenciam a percepção colectiva da crise climática. A Educação para a Mídia ajuda os alunos a desenvolver uma visão crítica dessas representações, distinguindo entre informações precisas, desinformação e notícias falsas. A educomunicação pode ser usada para inspirar e orientar o ativismo em resposta às alterações climáticas. Os alunos podem aprender a usar as redes sociais, blogs e outras plataformas para divulgar, promover soluções sustentáveis ​​e incentivar ações coletivas.

Um exemplo concreto é o que fazemos através do projeto Take Care of our Planet nas escolas do Trentino, da Apúlia e da Sicília. Através de um percurso formativo e educomunicativo, os alunos aprendem a aplicar conhecimentos para enfrentar e gerir situações complexas, promover a cidadania global, desenvolver autonomia e competências interculturais e aprofundar conhecimentos sobre questões científicas atuais. Eles também aprendem a usar plataformas de Inteligência Artificial como canva.com ou plataformas de compartilhamento de produtos com licenças Creative Commons como issuu.com. Entre os produtos finais estão cartazes publicitários e revistas criadas a partir de uma metodologia que promove o ensino cooperativo e colaborativo.
Exemplo de uma turma do terceiro ano do G. Pascoli Comprehensive Institute em Tricase, Puglia: https://issuu.com/viracaoejangada/docs/fanzine_definitiva_3e. Os alunos produziram uma revista sobre o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável n.º 14 relacionado com as alterações climáticas.

O que muda na vida dos alunos?
Há aumento da autoestima e da curiosidade; aprendem a trabalhar em grupos e orgulham-se da sua escola e comunidade; desenvolvem pensamento crítico e competências de literacia mediática; o seu repertório cultural se expande. Concluindo, a educomunicação surge como uma aliada crucial na preparação das novas gerações para enfrentar as alterações climáticas. Educar os alunos para serem cidadãos informados, críticos e ativos é essencial para a construção de um futuro sustentável.

 

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 Paulo Lima é jornalista e educomunicador, fundador e diretor executivo da ONG Viração Educomunicação e Empreendedor Social da Ashoka. Formado em Filosofia, Teologia e Jornalismo, tem especialização em Comunicação pelo Studio Paolino Internazionale di Comunicazione, de Roma.

Foi diretor da Revista Sem Fronteiras e um dos fundadores e editor do jornal Brasil de Fato, que ajudou a criar em março de 2003.

Atua com o movimento de defesa dos direitos da criança e do adolescente e comunicação popular desde 1987.